Friday, September 26, 2008

As brumas de um futuro distante me acompanham, brumas que recaem sobre uma manha de Abril, e um gesto puro, e a razão de um povo inteiro, me indicam a percurso árduo que devo percorrer, para tentar galgar tudo com o que sonho, meus sonhos de novos mundos, de novos mundos imundos, mundos envoltos em brumas, mundos envoltos em peste, guerra, fome e morte, 4 cavaleiros perdidos, a mil anos percorrendo tais mundos trazendo para eles o nosso futuro breve, as brumas de um futuro não tão distante me acompanham, brumas que se dissipam numa tarde de Agosto, num afagar carinhoso, e no sonho de uma raça inteira, que me guiam pelos amores que já passaram, me guiam para encontrar meu sonho de mundos velhos, perdidos e imundo, e me perguntas porque eu procuro tais mundos? pois eu te digo impiedosa alma, eu vim a esse mundo não para desfrutar de afagos, gestos, amanheceres ou entardeceres e sim para saborear o vinho feito de sangue infante, para degustar a carne fraternal, para fechar os portões de paraísos e para amar a morte, a peste, a fome e a guerra, pois eu sou quem nunca quiseres ser, eu sou o quinto cavaleiro, que percorre as planícies desertas, de mundos mortos, que marcha sobre corpos fincados por espadas, que come teus frutos infestados de chagas, e que destroi seus campos para que morras de fome, eu sou o quinto, o nunca antes visto, eu sou a esperança, e o Apocalipse se encerra com o brandir de meu machado e o urrar de meu cavalo, pois eu nunca morro, eu vivo para cavalgar por entre as brumas de um futuro próximo e fechar teus olhos que ainda buscam a luz, sem nunca conseguir...

Monday, September 08, 2008

“Aqui jaz o corpo que matou o filho, arruinou a esposa e destruiu seu império.”
Essa é a lapide, lapide do corpo que permanece para sempre vivo para si, mas morto para o mundo, corpo tal que cravou em rocha tais palavras, corpo que já pertenceu a um rei a um pai e a um amante, corpo que já conheceu o gozo de uma mulher, o toque suave da mão do seu filho e o peso do cetro do seu reino, corpo que já possuiu mundos, corpo que ultrapassou todas as fronteiras do seu mundo, corpo que sentiu primeiro o sangue do seu filho, que sentiu o punhal deslizar sobre a pele dura e branca do seu rebento já homem, corpo que matou sem sentir remorso, pois matou o seu único futuro, futuro esse que não poderia existir, corpo que penetrou a força a sua primeira esposa, a desonrando para todos os homens, pois esta não poderia ter honra, pois se casou com ele, corpo que sentiu o trepidar e o calor das chamas do seu império, corpo que ateou fogo ao seu mundo, mundo que não poderia existir, pois ele havia pisado nele, corpo que andou perdido por eras, para tentar secar o sangue infante, o gozo indesejado, as chamas eternas e seu coração de monstro, corpo que desposou a própria morte, corpo que amou o desespero e o desejo no mesmo leito, corpo que lutou com a própria destruição, corpo que entendeu o delírio, corpo que enganou o destino, corpo que bebeu com o sonho, corpo que fez o que fez, pois era só corpo, sem alma, sem amor, sem lágrima, sem terror, sem remorso, corpo que nasceu do deleite, corpo que teve como pai o barro primordial, corpo que não deveria ser, mas foi e sempre será, corpo que não morre, pois não tem para onde ir, corpo que não possui leito para repousar, corpo que permanecerá a caminhar até tudo virar poeira, e depois vida de novo e de novo poeira para enfim virar nada, somente uma lapide sobre um corpo.